O consumo de energia no Brasil apresentou retração média de 2,1% nas duas primeiras semanas de julho, frente ao mesmo mês no ano passado, ainda com efeito da retomada gradual das atividades em várias partes do país. O mercado livre, no entanto, registrou a primeira elevação no volume consumido desde o início das medidas de isolamento social para combate à COVID-19.
De acordo com o mais recente estudo da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE, o mercado regulado apresentou retração de 3,6% no período. Já o Ambiente de Contratação Livre – ACL teve alta de 1,2%, revertendo as quedas de consumo que eram vistas até o início do mês. Os percentuais não consideram expurgos de migrações.
Para efeitos de comparação, em abril, mês em que houve a maior queda do consumo, a retração chegou a 12,1% no Sistema Interligado Nacional – SIN, com diminuição de 11,5% no mercado regulado e de 13,6% no livre.
Quando se compara a média de consumo de todo o período de isolamento (21/03 a 10/07) com a média dos 20 dias imediatamente anteriores às medidas restritivas (01/03 a 20/03), a redução no SIN é de 14,0%, o que corresponde a uma diminuição de 13,8% no ACR e de 14,5% no ACL. A comparação do período pós-pandemia com o mesmo período em 2019 aponta para um consumo 7,9% inferior no sistema elétrico como um todo (-8,1% no ACR e -7,4% no ACL).
Os dados são preliminares e levam em conta o consumo do mercado cativo, em que o consumidor compra energia diretamente das distribuidoras, e do livre, que permite a escolha do fornecedor e a negociação de condições contratuais. Além disso, o estudo não considera os dados de Roraima, único estado não interligado ao sistema elétrico nacional.
Para mais detalhes sobre o panorama recente do setor de energia, consulte a ferramenta online da CCEE, que apresenta análises do consumo em base diária, permitindo filtros por ambiente de contratação, submercado, unidade federativa e por ramo de atividade.
Ramos de atividade
Com relação ao consumo de energia por ramo de atividade, o resultado de julho permanece menor do que o do mesmo período do ano passado. Porém, é possível observar uma manutenção da tendência de desaceleração da queda, semana a semana.
Já expurgados os efeitos de migrações para o mercado livre, o setor de serviços (-24%), a indústria automotiva (-17%) e o segmento têxtil (-14%), junto com o de transportes (-14%), foram os que apresentaram as maiores reduções na comparação anual. Desta vez, porém, cinco setores apresentaram alta do consumo na comparação anual: bebidas (6%), saneamento (4%), minerais não-metálicos (3%), alimentos (2%) e químicos (1%). O segmento de metalurgia se manteve estável.
Análise regional
A CCEE analisou ainda o desempenho do consumo de energia elétrica dos estados – neste caso, comparando a média de todo o período de isolamento (21/03 a 10/07), com os mesmos dias de 2019. O levantamento indica que o Rio de Janeiro continua sendo o estado que apresentou maior queda, de 13%, seguido pelo Espírito Santo, com uma redução de 12%.
Três estados tiveram alta: Amapá (3%) e Maranhão (1%) – por causa da baixa redução no mercado regulado (distribuidoras) e da retomada de alguns setores da economia nestes estados – e o Pará, com 5%, ainda porque reflete a retomada da produção de uma indústria de alumínio com atividades paralisadas no ano passado. Mato Grosso manteve estabilidade.
Ao se analisar o desempenho por região geográfica, Rio de Janeiro lidera a queda no Sudeste. No Sul do país, Paraná e Rio Grande do Sul dividem o mesmo percentual de queda, de 9%, enquanto, no Centro-Oeste, a redução mais expressiva ocorreu no Distrito Federal (-7%). O Nordeste tem a Bahia como o estado com maior índice de redução (-10%). Na região Norte, a maior queda se deu no Acre, com -9%.
Fonte: CCEE