Um estudo elaborado pelo Banco Mundial em parceria com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) concluiu que as eólicas offshore podem ser importantes para o suprimento energético do Brasil durante o período seco. Embora a implantação seja cara, a pesquisa simulou cenários e previu um potencial de até 1,2 mil gigawatts.
O colégio de líderes do Senado definiu que o projeto de lei que regulamenta as eólicas offshore deverá será apreciado nas primeiras semanas de agosto, após o recesso parlamentar.
A instalação de turbinas é possível em mais de 339 mil quilômetros quadrados da costa brasileira, sendo a região Sul responsável por 165 mil km². Entretanto, existe uma área marinha ecológica significativa (EBSA), o que demanda uma mitigação de riscos.
Para implantar a tecnologia, haverá preocupações como biodiversidade marinha, tráfego marítimo e outros usos do mar.
O estudo aponta que deverão ser adicionados entre 16 GW e 96 GW de eólicas offshore até 2050, variando nos cenários básico, intermediário e ambicioso. Na estimativa mais otimista, o país pode ter 19% de sua matriz elétrica composta por usinas instaladas no mar.
O Banco Mundial simulou a operação do setor elétrico brasileiro entre os anos de 2015 e 2022. Caso a potência extra tivesse sido acrescentada, o Brasil seria capaz de gerar energia suficiente nos períodos de escassez hídrica, substituindo as usinas hidrelétricas sazonalmente.
“Segundo a análise, a variabilidade anual da energia eólica offshore seria significativamente inferior à da energia hidrelétrica em grande parte do país. Logo, se implementada em grande escala, a energia eólica offshore pode oferecer uma “proteção energética” para anos com secas inusitadas, como foi observado, por exemplo, na última década”, aponta o estudo.
O potencial de geração de empregos pode chegar a mais de 500 mil até 2050, com US$ 168 bilhões de investimentos. Mas a instituição aponta entraves para alavancar a tecnologia no Brasil.
O custo é o principal problema, já que atualmente cada megawatt/hora custa R$ 344. Caso a tecnologia se difunda, esse valor pode cair para R$ 215 por MWh.
O acesso ao financiamento, público e privado, será fundamental para desenvolver a indústria. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é considerado peça-chave nesse processo.
A pesquisa menciona ainda que pode ser necessário alterar a legislação dos leilões de potência e de reserva de capacidade, que atualmente têm como regra a neutralidade.
Uma saída encontrada na análise é que se crie uma abordagem específica para as eólicas offshore, que terão custos mais altos e, portanto, não seriam competitivas para os certames nos moldes atuais.
Será preciso aprimorar as linhas de transmissão para receber a potência extra, além de modernizar a infraestrutura portuária, do ponto de vista de construção e triagem.
As eólicas offshore são apontadas pela pesquisa do Banco Mundial como meios importantes para a produção de hidrogênio de baixo carbono, desde que seja desenvolvida em escala e os custos caiam.
“A análise apresentada neste relatório indica que o custo nivelado do hidrogênio (LCoH) baseado na energia eólica offshore pode cair para cerca de US$ 3 por kg de H2 até 2050 (no caso da energia eólica offshore com fundação fixa)”.
O estudo do Banco Mundial e da EPE foi entregue nesta terça-feira (16/7) ao Ministério de Minas e Energia.
O senador Ireneu Orth (PP/RS) ingressou com um requerimento de urgência para a tramitação do PL das eólicas offshore.
Entidades que representam os setores de energia do Rio Grande do Sul e do Ceará, Sindienergia/RS e Sindienergia/CE, além da Federação de indústrias cearense (Fiec) e o Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP) procuraram Orth para manifestar apoio à iniciativa.
O Sindicato das empresas do Setor Energético do Rio Grande do Norte (Seern), assim como o Centro de Estratégias em Recursos Naturais & Energia também entraram em contato com o senador Ireneu Orth.
Uma carta da Global Wind Energy Council foi enviada ao senador Weverton Rocha (PDT/MA), relator do projeto, falando sobre a importância do assunto.
Há 234 GW de potência em projetos protocolados no Ibama. Nem todos serão, de fato, desenvolvidos e a indicação de interesse pelas áreas ocorre porque o órgão ambiental se antecipou, criando bases para os futuros licenciamentos.
O Rio Grande do Sul é o estado que acumula a maior potência nos projetos, totalizando 70 GW. O Ceará vem em segundo, com 64 GW.
As eólicas offshore entraram na ‘pauta verde’, um conjunto de políticas industriais ligadas à cadeia de energias renováveis. Apenas o hidrogênio seguiu para sanção antes do recesso.
Fonte: epbr