MME e EPE iniciam avaliação dos efeitos das mudanças climáticas na matriz elétrica brasileira

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Avaliando os desafios impostos pelas mudanças climáticas, o Ministério de Minas e Energia (MME) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) iniciaram um estudo para avaliar como as mudanças climáticas devem ser incorporadas ao planejamento da matriz elétrica do Brasil do futuro. O projeto intitulado “Impactos das Mudanças Climáticas no Planejamento da Geração de Energia Elétrica”, faz parte das ações da Cooperação Brasil – Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, com recursos do Ministério Federal para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento da Alemanha (BMZ). O estudo será desenvolvido pelo em parceria com o consórcio formado pela PSR e a Tempo OK.

O estudo vai simular os impactos de cenários futuros de mudanças climáticas sobre o sistema elétrico brasileiro, analisando, por exemplo, como alterações nas variáveis de precipitação, temperatura, irradiação solar e vento poderão impactar o planejamento e a operação da matriz elétrica brasileira. Como recursos, serão utilizadas projeções climáticas de modelos do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) e projeções do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).

O ministro Alexandre Silveira enfatiza que o projeto irá apoiar as ações do governo federal na busca por um setor de energia mais eficiente e resiliente à mudança do clima. “As iniciativas do MME estão entre as mais imponentes do mundo, com atuação direta na produção e uso de energia. Esse importante estudo vem para agregar ainda mais na formulação de políticas para a transição energética estratégica e, assim, gerar benefícios para brasileiras e brasileiros”, destacou Silveira. Com previsão de ser concluído em junho de 2025, o estudo tem como objetivo principal apoiar a integração das energias renováveis e eficiência energética no sistema brasileiro de energia.

O principal resultado esperado do projeto é um diagnóstico detalhado de como a matriz elétrica brasileira se comportará diante de diferentes cenários climáticos, possibilitando um planejamento mais resiliente e adaptado às futuras condições climáticas. Além disso, o projeto abordará aspectos sociais importantes, como a pobreza energética e a transição justa e inclusiva, especialmente em regiões vulneráveis como o Nordeste do Brasil.

«Esses conteúdos são insumos importantes e estão bem alinhados com a estratégia que estamos construindo para o setor em termos de planejamento, da expansão de energia, da transição energética e da adaptação aos riscos climáticos», destacou o secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento do MME, Thiago Barral.

De acordo com o consultor técnico da EPE, Gustavo Ponte, a iniciativa surgiu a partir da ideia de revisitar o estudo de Integração de Fontes Variáveis Renováveis na Matriz Elétrica do Brasil, publicado em 2020. “Desta vez, são introduzidas novas variáveis, com o objetivo de avaliar a resiliência do sistema elétrico em diferentes cenários de mudanças climáticas projetados no âmbito do CMIP6 do IPCC, o que inclui a avaliação de alterações no consumo de energia elétrica e nos recursos energéticos renováveis, relevantes sobretudo para a geração hidrelétrica, solar e eólica e, consequentemente, para a oferta de energia elétrica para os próximos anos”.

“O projeto Sistemas de Energia do Futuro (no âmbito da Cooperação Brasil-Alemanha) atua junto ao governo brasileiro no sentido de integrar cada vez mais as fontes renováveis variáveis à matriz energética brasileira e mapear os impactos das mudanças climáticas.  Isso é essencial para um melhor planejamento energético e para a avaliação da resiliência do sistema elétrico do Brasil frente a este novo desafio”, explica o diretor do Projeto, Daniel Almarza.

METODOLOGIA

Partindo de um cenário em que a demanda elétrica seja igual ao dobro da atual, serão utilizados modelos computacionais de planejamento da operação energética de médio e longo prazo (SDDP) e de planejamento da expansão energética (OptGen) para a determinação de cenários de expansão da oferta de energia para o atendimento dessa demanda. Em seguida, a partir de três matrizes futuras possíveis, com diferentes composições de fontes e tecnologias, essas ferramentas permitirão realizar simulações operativas do Sistema Interligado Nacional (SIN) considerando os impactos das mudanças climáticas.

A consultoria PSR, responsável pela condução do estudo, destaca que um dos principais aspectos do projeto é o desenho de um ambiente para o planejamento energético que incorpore os impactos das mudanças climáticas, explicitando suas incertezas. “Será uma construção coletiva de novas metodologias e processos. A solução extrapolará a vigência desse projeto e será um legado importante para o planejamento do setor elétrico. O ambiente construído a muitas mãos também estará apto para se beneficiar dos avanços da ciência climática”, comenta o diretor executivo da PSR, Rafael Kelman.

“Esse estudo é muito importante para a resiliência do setor elétrico em um contexto no qual os eventos extremos estão se tornando mais frequentes e as variações meteorológicas, mais intensas”, acrescenta Head de P&D da Tempo OK, Luiz Fernando dos Santos. “A empresa tem experiência na utilização de modelos numéricos de tempo e clima e no desenvolvimento de soluções inovadoras de inteligência meteorológica, com modelos de machine learning para ajustar, refinar e reduzir as incertezas nas projeções climáticas, que podem contribuir para a precisão do estudo”, conclui Santos.

Fonte: gov.br

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