Tolmasquim defende térmicas flexíveis e vê renováveis como soft power para Brasil

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O professor Maurício Tolmasquim, que atuou como coordenador do grupo de trabalho de Minas e Energia, na equipe de transição, afirmou nesta quarta (14/12) que o gás natural pode cumprir um papel importante na geração de energia, no Brasil, desde que num modelo de despacho flexível.

O ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) voltou a criticar as térmicas a gás na base, previstas na lei 14.182/2021 (da privatização da Eletrobras). A legislação prevê a contratação compulsória de 8 GW, preferencialmente em regiões não atendidas por infraestrutura de gás.

“O principal papel do gás está no setor industrial, substituindo o óleo combustível. Há um espaço importante nisso. O segundo lugar é na geração, em termelétricas a gás, para complementar a intermitência das renováveis. Mas termelétricas flexíveis, não termelétricas na base, como foi votado na lei de privatização da Eletrobras”, disse Tolmasquim, ao participar de evento sobre os impactos da eleição de Lula para o setor de energia, promovido pela Câmara Brasileira de Comércio no Reino Unido.

Contrário à obrigação de contratação de térmicas a gás prevista em lei, o gabinete de transição avalia que pode ser possível cancelar ao menos os projetos já ofertados, mas não contratados.

Até o momento foi realizado apenas um leilão das térmicas na base — que negociou 753 MW dos 2 GW previstos e que fracassou em promover a interiorização do gás, ancorando a construção de novos gasodutos.

Tolmasquim não especificou, contudo, se o assunto foi tratado no documento entregue pelo governo de transição, nesta terça (13/12). O coordenador técnico dos grupos de trabalho, Aloizio Mercadante, disse que o novo governo vai receber um documento com 23 páginas de sugestões de portarias, decretos e demais atos de Bolsonaro e de seu governo que devem ser anulados.

O professor afirmou que as térmicas na base acabam por desperdiçar o potencial de energias renováveis do país.

“O gás é o combustível de transição na indústria, mas não na geração de energia”, disse.

O ex-presidente da EPE é um defensor do uso das hidrelétricas com reservatórios como a “bateria do sistema”.

Tolmasquim disse, ainda, que o cenário de sobrecontratação de energia das distribuidoras — associado ao baixo crescimento econômico do país nos últimos anos — reduz as perspectivas de contratação de energia nova a curto prazo. Mas destacou que o potencial para atração de investimentos a médio e longo prazos é diferente.

Ele aposta na eletrificação da economia, a partir do crescimento da frota de veículos elétricos e da exploração do potencial de produção de hidrogênio verde no país.

Energia renovável como soft power

Tolmasquim destacou que o Brasil tem vocação para assumir a liderança global nas discussões climáticas.

E que o potencial do país na geração de energia renovável é peça importante para uma “integração diferente para o Brasil no mundo”, dentro de uma estratégia de soft power brasileiro a partir da agenda do meio ambiente.

Ele afirmou, ainda, que uma das metas do próximo governo é buscar o net zero” nas emissões do setor de geração de energia.

O professor defendeu também a necessidade de reposicionamento da Petrobras, diante da transição energética.

Ele lembrou que as grandes petroleiras globais estão se posicionando como empresas de energia integrada – algumas chegaram a mudar de nome, como a TotalEnergies e Equinor.

Segundo Tolmasquim, a Petrobras “pode fazer mais” para se ajustar à nova realidade do mercado.

“O óleo e gás será por muito tempo ainda o core business da Petrobras. O que o governo novo está defendendo é que ela olhe mais para novas possibilidades, como eólicas offshore, hidrogênio verde, biorrefinarias”, comentou.

Fonte: epbr

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