Relatório de transição energética da empresa de gerenciamento de risco DNV vê um “futuro brilhante para os gases renováveis” na América Latina, ao mesmo tempo em que a região avança na eletrificação do consumo.
Segundo os analistas, entre 2020 e 2050, a demanda final de energia na AL deve mais que dobrar, especialmente após 2025, com a recuperação do aumento nos padrões de vida da população.
“Olhando mais de perto os setores de demanda de energia da América Latina, vemos que a demanda por energia de transporte refletirá tanto o crescimento populacional quanto uma maior renda per capita, com maior uso de veículos”, diz o relatório.
“No entanto, o aumento da eletrificação neutralizará a expansão da frota de veículos, de modo que o uso de energia aumentará apenas marginalmente”, continua.
Neste cenário de eletrificação do consumo, o crescimento da geração deve saltar de 18% em 2020 para 32% em 2050.
As renováveis, lideradas por biomassa e hidrelétrica, serão superadas pelo forte crescimento solar fotovoltaico e eólico, fornecendo 53% da energia primária até 2050.
Mas a demanda final de energia ainda terá uma participação de 47% de energia fóssil em meados do século, sendo atendida principalmente por petróleo (31%) e gás natural (15%). Carvão e nuclear seguem como fontes de energia com pouca representatividade.
A demanda de energia nos transportes atingirá o pico no início de 2040, depois diminuirá ligeiramente até 2050;
Na manufatura crescerá modestamente (37% até 2050), também devido a ganhos de eficiência e maior uso de eletricidade;
O aumento dos padrões de vida e uma população crescente farão com que os serviços de aquecimento e refrigeração se expandam para novos segmentos, resultando em aumento de 67% no uso de energia dos edifícios.
Hoje, a América Latina precisa de cerca de 5% da produção mundial de hidrogênio para sua indústria, mas produz apenas cerca de 2% do volume global, quase inteiramente de combustíveis fósseis.
“Isso mudará significativamente nas próximas três décadas”.
Até 2030, a eletrólise com renováveis dedicadas ganhará impulso na produção de hidrogênio. Em 2040, quase 31% da produção desse gás será verde e, em 2050, 46%.
A maior parte dessa produção, no entanto, tem destinos internacionais.
“Dado o baixo custo nivelado da produção de hidrogênio e o vasto potencial de exploração de energia solar e recursos eólicos promissores, a América Latina se tornará um grande exportador de hidrogênio”, explica o relatório.
“Prevemos que cerca de 25 milhões de toneladas de hidrogênio e seus derivados serão exportados da América Latina até 2050. A maioria substancial (75%) será exportada como amônia e para fins energéticos”.
Quase metade disso irá para a América do Norte, apoiando as ambições regionais. O restante irá para Ásia e Europa.
A partir de 2040, a produção de hidrogênio baseada em energia solar será competitiva com a produção a partir de gás natural em cerca de 2 US$/kg;
A produção a partir da eletrólise com eólica permanecerá um pouco mais cara do que a solar com base na média da América Latina.
“Para realizar essas projeções, a região deve planejar adequadamente a parte desafiadora desse empreendimento: o transporte de hidrogênio. E parece que o fará, incluindo dutos para distribuição intrarregional de hidrogênio e terminais de exportação para conversão de hidrogênio em amônia”, completa.
Mandar toda essa energia embora só será possível porque a região também tem grande potencial para substituir combustíveis importados por biocombustíveis como bioetanol, biodiesel e biometano.
A DNV destaca as políticas de etanol no Brasil, biodiesel de óleo de soja na Argentina e biodiesel de óleo de palma na Colômbia como exemplos do sucesso no fornecimento de alternativas aos fósseis.
Hoje, apenas a Venezuela não tem mandato de biocombustíveis na América Latina, em parte devido à sua produção doméstica de petróleo.
Os investimentos em biometano são outro destaque. Atualmente, cerca de 30% da produção de biogás da América Latina é refinada para biometano. Até 2050, ele poderá substituir 2,5% da demanda doméstica total de gás natural.
Um mapeamento da SAE Brasil mostra como a produção de hidrogênio verde nos nove estados que compõem a região pode alavancar a descarbonização da mobilidade.
No Brasil, o setor de energia, impactado pelo uso de combustíveis fósseis nos transportes, é a principal fonte de emissão de CO₂ nas grandes cidades. O financiamento de pesquisa e inovação para viabilizar a eletromobilidade com hidrogênio pode ajudar a mudar esse quadro.
Fonte: epbr
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