O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Carlos Ciocchi, afirmou nesta quarta (29/8) que não é possível atribuir a culpa do apagão nacional à geração de energia eólica e solar.
“Não há como, nesse momento, atribuir culpa a fontes. Isso é importante que seja dito. Não há como atribuir culpa, inclusive aos agentes”, disse o diretor.
De acordo com o diretor do ONS, a interrupção nas usinas foi, assim, uma ação preventiva para garantir a segurança do sistema elétrico – devido a operação de hidrelétricas e termelétricas – e não um problema nas fontes renováveis em si.
“Tínhamos que cortar a energia trafegando na rede. O São Francisco está operando na vazão mínima e a geração termelétrica estava trabalhando na inflexibilidade – não poderia reduzir mais”, explicou.
“Portanto, [como] os grandes exportadores do Nordeste são a eólica e solar, tivemos que cortar. Mas não é porque existe um problema na geração eólica, solar. O problema era garantir uma maior segurança para o sistema”.
A rede está operando com menor participação das fontes variáveis, segundo Ciocchi, para reduzir o esforço no sistema, com redução da transferência de energia da região Nordeste para o Centro-Sul.
“Estamos trabalhando assim, dessa forma mais segura, restringindo o fluxo da energia desses grandes eixos”, assegurou. Ele garantiu que o Sistema Interligado Nacional (SIN) voltará à operação normal.
Segundo Ciocchi, o ONS identificou que, ao analisar os dados da ocorrência, houve inconsistência entre os dados de equipamentos responsáveis pela regulação de frequência.
“Não foi uma falha de informações. Do ponto de vista técnico, o [equipamento] especificado, quando testado, em funcionamento, não apresentou o desempenho exigido”.
Ele explicou que é preciso avaliar a resposta dos equipamentos, assim como seus fornecedores e fabricantes.
“Não é que informaram errado. Na realidade, as coisas estão acontecendo de formas diferentes. Há de avaliar: são diferentes fornecedores, fabricantes, localizações, diferentes configurações desses equipamentos”, comentou.
O diretor do ONS acompanhou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), nesta quarta (29/8), em reunião na Câmara dos Deputados.
“Prefiro me dirigir ao ocorrido como ‘evento’ e não como ‘apagão’, pois ‘apagão’ passa para a população a impressão de que temos risco de suprimento energético no país”, disse Silveira.
“Estamos com os nossos reservatórios no melhor nível dos últimos onze anos. O nosso problema não é geração de energia. Temos energia, inclusive para fornecer ao Uruguai e à Argentina, como tem sido feito”, comentou o ministro.
O ONS informou na sexta (25/8) que o evento, ocorrido no dia 15 de agosto, foi desencadeado pelo “desempenho abaixo do esperado no que diz respeito ao controle de tensão” nas fontes de geração próximas à linha de transmissão Quixadá – Fortaleza II, da Eletrobras.
O apagão, portanto, não foi provocado pela falta de energia capaz de atender a carga, mas às falhas sucessivas no sistema de transmissão, desencadeadas após a queda da linha no Ceará.
“A linha de investigação mais consistente aponta esse desempenho abaixo do esperado como um segundo evento que desencadeou todo o processo de desligamentos”, diz o órgão.
Nas simulações realizadas pelo ONS “não foi possível reproduzir a perturbação ocorrida no dia 15 de agosto”. O Relatório de Análise de Perturbação (RAP), que indicará causas do apagão, está previsto para 29 de setembro.
Houve relatos de falta de energia em municípios de todos os estados brasileiros, com exceção de Roraima, que não está ligada ao SIN.
Fonte: epbr
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