Emissões de energia voltam a subir no Brasil e devem aumentar até 2023

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Em 2023, o total de emissões associadas à matriz energética brasileira atingiu 428 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (Mt CO2-eq), um ligeiro aumento de 0,8% em relação aos 424,3 Mt CO2-eq registrados em 2022. Mesmo com as adições de capacidade renovável, a previsão é de aumento nos próximos anos.

Dados do Balanço Energético Nacional (BEN) 2024, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), mostram que as emissões de CO2 associadas à matriz energética vêm crescendo a uma taxa média de 1,73% ao ano desde o ano 2000 e devem continuar evoluindo até o final da década. Veja na íntegra (.pdf)

A estimativa é que, em 2030, considerando o planejamento energético nacional, o país eleve suas emissões a 518,2 Mt CO2-eq, a uma taxa de crescimento anual de 2,77%.

A EPE também observa que o aumento das emissões em 2023 (+0,8%) foi inferior ao aumento da Oferta Interna de Energia (+3,6%), graças ao regime hídrico favorável e à maior participação da biomassa, eólica e solar fotovoltaica.

Em 2021, por exemplo, quando o país enfrentou uma grave crise hídrica e precisou acionar termelétricas fósseis, as emissões anuais foram de 446 Mt CO2-eq.

Com uma matriz elétrica quase 90% renovável, o setor de transportes – dependente de gasolina e diesel – é o que responde pela maior parte das emissões associadas à matriz energética. Em 2023, carros, motos, ônibus e caminhões emitiram juntos 217 Mt CO2-eq, ante 210 Mt CO2-eq em 2022.

Mais biodiesel e gasolina

No setor de transportes, a EPE mostra que o consumo de combustíveis aumentou 4,4% em relação a 2022, com destaque para o biodiesel, que teve um crescimento de 19,2%, impulsionado pela retomada da política de mandatos de mistura.

Em março do ano passado, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) decidiu recuperar o cronograma de elevação do percentual de adição do renovável ao diesel de petróleo, subindo de 10% (B10) para 12% já no mês seguinte.

Na frota leve, o etanol perdeu participação em relação à gasolina, passando a representar 38% do consumo, contra 39% em 2022. Ainda assim, gasolina e etanol (anidro e hidratado) registraram aumentos de 6,9% e 6,3%, respectivamente.

“Como consequência destes movimentos, o setor de transportes do Brasil apresentou uma matriz energética composta por 22,5% de fontes renováveis em 2023, contra 22% do ano anterior”, observa a EPE.

Brasil versus países ricos e China

Em comparação com outras matrizes e consumos energéticos, a EPE avalia que o Brasil já fez sua transição e tem uma intensidade de carbono significativamente menor que países europeus.

“O setor elétrico brasileiro emitiu, em média, apenas 55,1 kg CO2-eq para produzir 1 MWh, um índice muito baixo quando se estabelece comparações com países europeus da OCDE, Estados Unidos e China”, aponta o BEN 2024.

Em termos de emissões por habitante, o estudo mostra que cada brasileiro, produzindo e consumindo energia em 2023, emitiu em média 2 toneladas de CO2-eq. Isso significa 14,5% do que emite um estadunidense, 36% de um europeu e 26,2% de um chinês. Até 2030, esse volume deve crescer a uma taxa de 2,2% a.a, para 2,3 toneladas.

A análise utiliza dados divulgados pela Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) para o ano de 2021.

Já a intensidade de carbono na economia em 2023 foi de 0,13 kg CO2/poder de compra em US$ – 66% da intensidade da economia dos EUA, 34% da economia chinesa e praticamente o mesmo nível da economia dos países europeus da OCDE.

Fonte: epbr

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