BBCE tem aval da CVM e prevê lançar derivativos de energia elétrica em agosto

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A plataforma eletrônica de negociação de energia BBCE pretende lançar em agosto operações com derivativos, com as quais espera atrair o interesse de agentes do setor financeiro como bancos e fundos para transações com contratos futuros de eletricidade, disseram executivos à Reuters nesta quarta-feira.29/08/2018. REUTERS/Ueslei Marcelino

Mas a empresa obteve na terça-feira autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para atuar como administradora de mercado organizado de valores mobiliários, o que permitirá a oferta de derivativos de energia, que são contratos puramente financeiros, não atrelados à entrega física do produto.

Esses contratos financeiros podem ser utilizados como proteção contra a variação dos preços da energia (hedge) ou como uma aposta no comportamento das cotações, por exemplo, como em mercados de commodities em geral, incluindo o de petróleo.

Mas enquanto as operações com derivativos exigirão apenas o cadastro junto à BBCE, para operar no mercado livre de energia, físico, é necessário um longo e burocrático processo de adesão à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e autorização pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

“Diversos bancos montaram ou estão montando suas comercializadoras de energia. Então o mercado financeiro já caminha para utilização da ‘commodity’ energia elétrica em seu portfólio. O que vamos dar ao mercado agora é o instrumento adequado. Não vai necessariamente precisar abrir uma comercializadora”, disse o presidente do conselho da BBCE, Daniel Rossi.

“O derivativo, o contrato financeiro, abre a porta para que empresas como bancos e fundos, e as próprias comercializadoras, façam operações de hedge sem precisar do mercado físico”, acrescentou o presidente-executivo do BBCE, Carlos Ratto.

Os executivos avaliam que as negociações com derivativos, apesar de novas, deverão atrair rápido interesse, uma vez que muitas comercializadoras já fazem transações no mercado físico que na prática funcionam como operações de hedge.

“Não damos projeção de volumes, mas a expectativa é que a gente traga uma parte desse volume hoje feito no mercado físico para os derivativos, as operações que são mais de preço do que de mercadoria”, acrescentou Rossi.

Segundo ele, essas transações financeiras são realizadas principalmente por comercializadoras mais focadas na compra e venda de energia, o chamado “trading”, do que na gestão de contratos para consumidores que atuam no mercado livre.

Rossi destacou que essas transações de “trading” são menos afetadas pela pandemia de coronavírus, que reduziu o consumo de indústrias e do setor comercial e tem levado clientes a renegociar contratos no mercado livre.

Ele defendeu ainda que o cenário de juros negativos ou muito baixos em todo o mundo levará o setor financeiro a buscar novos investimentos, o que favorece a atração de fundos para apostas nos derivativos de eletricidade.

“Pelo contrário, a gente lança o produto na hora certa. Estamos em uma condição de mercado, na economia, em que há muitos recursos procurando bons investimentos. E o derivativo de energia… vai permear o portfólio de muitas casas no mercado financeiro.”

PRODUTOS

Os contratos de derivativos de energia na BBCE serão negociados com liquidação contra o preço spot da eletricidade, ou Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), calculado semanalmente pela CCEE.

Mas a BBCE pretende trabalhar para gerar liquidez suficiente para que uma curva de preços gerada a partir das operações na plataforma possa eventualmente substituir o uso do PLD como referência, segundo Ratto, que não traçou cronograma para isso.

Ele disse ainda que os contratos terão liquidação semanal ou mensal, sempre envolvendo energia convencional para entrega no submercado Sudeste e as diferenças entre os contratos e o PLD.

“Serão contratos com liquidação semanal ou mensal. Você vai poder negociar a próxima semana ou uma semana de determinado mês e tem também o contrato mensal, são contratos a termo”, explicou.

A princípio, o risco de crédito será bilateral, entre as pontas tomadoras de cada posição nas operações.

Em um segundo momento, a BBCE poderá atuar como gestora de garantias das operações, fazendo chamadas de margem, por exemplo, enquanto num futuro de mais longo prazo poderia se pensar na criação ou atração de uma contraparte central para garantir as operações.

“Esse é um objetivo… é uma tendência, mas vai depender muito do mercado”, disse Ratto.

O mercado de comercialização de energia tem crescido em ritmo acelerado no Brasil nos últimos anos, com a abertura de dezenas de novas comercializadoras. Bancos como Santander e Itaú apostaram mais recentemente no segmento, que já contava antes com nomes do setor financeiro como o BTG Pactual.

Fonte: Reuters

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