Para onde vão os preços da energia?

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Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém, nem mesmo às comercializadoras de energia elétrica. Nesta mesma época, em 2018, o mercado livre estava eufórico com a perspectiva de energia barata em 2019. Os agentes, porém, não contavam com um bloqueio atmosférico, justamente no período em que as chuvas costumam encher os reservatórios das hidrelétricas. A inversão na curva de preço revelou quem estava com o cobertor curto, deixou alguns mortos e feridos pelo caminho e causou muito estresse no mercado livre.

A mesma situação não deverá se repetir em 2020, pois, segundo a Agência CanalEnergia apurou, as comercializadoras estão mais cautelosas e evitaram tomar posições arriscadas diante de um cenário de muita incerteza sobre qual será o comportamento do preço da energia no próximo ano.

Patrick Hansen, sócio diretor da Dcide, empresa de inteligência de dados, explicou que os reservatórios das hidrelétricas se encontram em uma situação mais crítica do que no ano passado. O mercado está negociando energia convencional na faixa de R$ 200/MWh para o primeiro trimestre de 2020; enquanto no ano passado, nessa mesma época, a energia era negociada na faixa dos R$ 110/MWh no submercado Sudeste/Centro-Oeste (SE/CO).

Reservatórios em situação mais crítica do que no ano passado. 
Patrick Hansen, da Dcide.

A curva de preço da Dcide é formada a partir da colaboração de 50 agentes e reflete o preço de negociação. Hansen reconhece que o preço está elevado para essa época do ano. “A conjuntura hoje é muito mais incerta do que em outros anos”, disse o executivo.

Para 2020, a média do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) está calculada em R$ 170,82/MWh, contra uma média de R$ 231,69/MWh em 2019, segundo projeções da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) para o PLD do submercado SE/CO, divulgadas no início de dezembro. Como é possível ver no gráfico abaixo, o PLD pode chegar a R$ 305/MWh em meados de janeiro de 2020.

Projeção PLD 2020

Importante lembrar que, em 2018, a CCEE projetava que o PLD médio do SE/CO seria de R$ 89,00/MWh para 2019. O PLD é o custo de energia no mercado à vista e é utilizado como referência para contratos no mercado livre.

Projeção PLD 2019

Piscinas vazias

O PLD é composto por uma série de dados que envolvem a previsão de carga, nível dos reservatórios, restrições energéticas, mas principalmente as Energias Naturais Afluentes (ENAs), ou seja, a água que deve chegar às hidrelétricas. Neste ano, os reservatórios das hidrelétricas partem de uma condição pior do que estavam há um ano. No caso do Sudeste, região que concentra 70% da capacidade de armazenamento do país, o nível do reservatório marcava 18,85% (10/12/2019), contra 26,68% (10/12/2018). Essa diferença de 7,83 p.p. equivale a aproximadamente o mesmo volume de energia que o segundo linhão de Belo Monte pode transportar do Norte para o Sudeste.

Para o vice-presidente de operações da Electra Energy, Claudio Alves, o setor só terá uma visão mais clara do preço da energia em janeiro. Ele lembra que dois dados são importantes nessa conta: como a energia será sazonalizada (distribuída) pelas hidrelétricas ao longo de 2020 e qual será a oferta de energia incentivada (eólica, solar, pch), que normalmente tem preço entre R$ 40 e R$ 50/MWh acima da convencional.

Outro elemento importante é a demanda de energia do país. De acordo com o boletim Focus, a mediana da expectativa de crescimento do PIB subiu de 2,20% para 2,22% em 2020. As projeções para o IPCA apontam para mediana de 3,60% em 2020.

Conforme metodologia, a curva de referência é definida de forma a assegurar, no subsistema Sudeste/Centro-Oeste, um armazenamento mínimo de 10% ao final do segundo ano que, neste caso inicial, será novembro de 2021.

Para os demais subsistemas, as restrições de armazenamento mínimo ao final do período de dois anos serão de 30% para o Sul; de 22,5% para o Nordeste; e, para o Norte, será utilizada a curva referencial de armazenamento estimada para a usina hidrelétrica de Tucuruí.

O CMSE explicou que a “opção de adotar uma curva bianual foi motivada por se buscar condições de armazenamento que garantam o suprimento adequado num horizonte maior, havendo o acoplamento entre os meses iniciais e finais da curva (dezembro/janeiro) para o ano subsequente”.

Fonte: Canal Energia

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