Uma pesquisa realizada pelo Datafolha e encomendada pela Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia mostra que 81% dos entrevistados querem poder ter a prerrogativa de escolher seu fornecedor de energia. Esse patamar é o mais elevado da série, mas praticamente o mesmo dos dois últimos anos. Esse resultado é atribuído à percepção de que podendo escolher de quem comprar a energia, o preço tende a diminuir.
Em 2014, primeira edição da pesquisa, 66% disseram que gostariam de escolher seu fornecedor. Esse índice ficou nessa faixa próxima aos 70% até 2019 quando pulou para o atual nível de 80%. O perfil do consumidor que se mostrou mais favorável está na faixa etária entre 25 e 69 anos, nível de escolaridade com curso superior, classe C no Sudeste, Centro-Oeste e Norte.
Assim, aponta a pesquisa à qual a Agência CanalEnergia teve acesso, 70% dos entrevistados disseram que trocaria de fornecedor caso fosse permitido. Esse é o mais elevado nível desde o início da série histórica. A maior parte é por causa do preço, seguido pela procura por fontes limpas, seguida pela qualidade do atendimento.
Para 79% dos brasileiros ouvidos a conta passou a pesar mais no orçamento familiar. Para 78% as despesas com a conta de luz aumentaram em relação ao que era antes da pandemia. E 68% apontaram que passou a consumir mais energia nesse período.
De cada 10 pessoas oito consideram que a tarifa de energia elétrica no país está no patamar muito caro ou caro, sendo 48% e 35%, respectivamente. Apenas 13% consideram ‘justo’ e 3% classificaram como ‘barato’ ou ‘muito barato’. Em 2019 a opinião sobre a percepção do preço era de 87% entre a opção ‘caro’ ou ‘muito caro’. Apesar da variação, mantém-se no mesmo patamar acima de 80% que é verificado desde 2015.
Entre os motivos que justificam essa percepção está o fato de que há muitos impostos e tacas na conta. Foram 53% dos entrevistados que apontaram essa alternativa. A falta de concorrência ficou com o segundo lugar com 19%.
Na avaliação do presidente executivo da Abraceel, Reginaldo Medeiros, esse número acaba ganhando mais importância se considerarmos o fato de que cerca de 25% dos consumidores estão enquadrados na tarifa social. Ou seja, esses não percebem o aumento das tarifas como os demais.
“Os resultados da pesquisa mostram que o consumidor acredita que a competição pode ser melhor para ele”, diz o Medeiros. “O consumidor acredita que a tarifa é eleva e quer mudança, ele tem como base o que ocorreu com a telefonia no Brasil nos anos 90”, comenta.
Um outro destaque ficou por conta da possibilidade de gerar energia em casa. Do total de entrevistados 92% disseram que gostariam de produzir a própria eletricidade. Esse nível está em nível semelhante ao registrado nas duas últimas pesquisas.
Na avaliação de Medeiros, a difusão de informações sobre a geração distribuída ajudou a trazer esse debate acerca do preço da energia para o a mesa de debates. “Esse fator mostra que as pessoas, quando podem administrar seus fornecedores, é isso que elas querem”, avalia.
Foram realizadas 2.081 entrevistas em todo o Brasil, distribuídas em cerca de 130 municípios. A margem de erro máxima para o total da amostra é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%. As opiniões foram recolhidas entre os dias 10 e 14 de maio de 2021. A amostragem apresentava renda familiar média de pouco mais de R$ 3,5 mil, a idade média era de 43 anos.
Congresso
Com o retorno das atividades do Congresso Nacional, o executivo da Abraceel voltou a cobrar a retomada da tramitação do PL 414 que era o antigo PLS 232 e que está há mais de quatro meses na Câmara dos Deputados aguardando despacho do presidente da casa, o deputado Arthur Lira (Progressistas-AL).
“Lembro que o PL 1917 está desde 2015 na Câmara e o PLS 232 que finalmente foi aprovado no início desse ano está aguardando despacho do presidente da Câmara, que está sentado no projeto há 140 dias”, dispara.
Para ele temos uma janela até o final deste ano, pois em 2022, com eleições gerais, esse tipo de debate sobre energia não evolui e depois pode se recomeçar.
Medeiros revelou frustração com a retirada da emenda da MP 1031 que estabelecia o cronograma da abertura do mercado livre, incluído pelo Senado na proposta. Segundo Medeiros, seria importante que a emenda fosse aprovada para finalmente dar andamento ao processo de ter um mercado livre no Brasil.
“Jabuti que beneficia o consumidor não pode, mas aqueles que privilegia um grupo pequeno e prejudica o consumidor, aí pode”, criticou ele ao comentar o argumento do porquê da retirada da emenda inserida no projeto.
Ele defende que a abertura do setor traria uma mudança estrutural importante que ajudaria a reduzir custos da energia, diferentemente das recentes Medidas Provisórias que alocam custos ao consumidor.
Fonte: Canal Energia
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