A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vai ter um intenso calendário de leilões nos próximos meses, com a previsão de contratação de energia nova e existente, sistemas isolados e linhas de transmissão.
O ano de 2025 se inicia também com a expectativa para o inédito leilão de baterias e para o leilão de reserva de capacidade (LRCAP), que tinha previsão de ocorrer em 2024.
As diretrizes para o LRCAP foram divulgadas no dia 2 de janeiro de 2025.
Veja o cronograma de leilões previsto para o setor elétrico no próximo ano:
Os mais recentes leilões A-1, A-2 e A-3 ocorreram em 6 de dezembro de 2024. A expectativa é que o próximo certame ocorra no mesmo mês de 2025. Na edição anterior, a etapa A-3 não teve lances.
Esses certames são focados na contratação de energia elétrica de empreendimentos já construídos e em operação.
As regras do leilão anterior incluíram a participação no leilão permitida a qualquer fonte de geração. Em cada um dos certames, foram negociados contratos de energia no ambiente regulado, na modalidade quantidade.
O leilão de energia nova A-5 deve ocorrer em julho de 2025. As diretrizes foram publicadas em dezembro.
A competição é voltada às hidrelétricas de pequeno porte. As usinas permitidas no certame devem ter capacidade de 1 megawatt (MW) a 50 MW, o que inclui pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e centrais geradoras hidrelétricas (CGHs).
O início do suprimento é em 1º de janeiro de 2030.
O prazo para cadastro de empreendimentos de geração junto à Empresa de Pesquisa Energética (EPE) vai até o dia 7 de fevereiro.
O MME pretende realizar os leilões de energia nova A-4 e A-6 em agosto de 2025.
No A-4, poderão participar novos empreendimentos de geração hidrelétrica de 50 megawatts, eólica, solar e termelétrica com custo variável unitário (CVU) nulo. O suprimento terá início em 2028.
Já no leilão de energia nova A-6 de 2024, há previsão de negociação das fontes eólica, solar fotovoltaica e termelétrica. Os empreendimentos devem fornecer eletricidade a partir de 2030.
Em maio, o MME abriu uma consulta pública sobre as diretrizes dos certames, quando ainda era esperado que os leilões ocorressem em dezembro de 2024, o que não se concretizou.
O próximo LRCAP foi marcado para 27 de junho, com previsão de contratação de térmicas a gás natural existentes já para a partir deste ano e usinas novas a partir de 2028. Poderão participar térmicas a gás e biocombustíveis, além de hidrelétricas.
Inicialmente, o certame estava previsto para agosto de 2024, mas a confirmação das diretrizes ocorreu apenas em janeiro de 2025.
A demora gerou preocupação. A contratação é importante para garantir oferta adicional de potência ao sistema elétrico nos próximos anos. A EPE estima déficits de potência a partir de 2027, com a necessidade adicional de 5,5 GW de potência no sistema em 2028.
Segundo a Wärtsilä, fornecedora de equipamentos para essas usinas, a expectativa é de que sejam contratados de 6 a 7 GW de termelétricas no próximo LRCAP, sendo a maior parte de projetos existentes que têm contratos chegando ao fim.
Há interesse do mercado na conversão de usinas a óleo, mais poluentes, para gás natural, de modo a reduzir emissões. Isso, no entanto, vai depender dos incentivos que as regras do leilão darão para esses investimentos.
Pela primeira vez usinas hidrelétricas poderão participar de um leilão de reserva.
Até o momento, o único leilão de potência realizado no país contratou apenas usinas termelétricas.
A primeira edição desse modelo de leilão foi realizada em 21 de dezembro de 2021. Na ocasião, foram contratados 4,6 GW de disponibilidade em usinas termelétricas, a um preço médio de R$ 824.553,83 por MW/ano. Foram 13 vencedores que disponibilizaram 17 usinas, com início do suprimento em 1º de julho de 2026.
O MME anunciou, em setembro, a abertura da consulta pública para a realização do primeiro leilão de baterias de armazenamento.
Havia pressão por entidades e empresas do setor para que as baterias fossem incluídas no LRCAP, mas, conforme a agência eixos adiantou em julho, o leilão será específico para o armazenamento de energia.
As baterias podem ser importantes para aproveitar a geração das usinas fotovoltaicas e eólicas. Assim, a energia armazenada poderia suprir a rampa de carga que inicia no fim da tarde e início da noite.
Segundo estudos da Associação Brasileira de Soluções de Armazenamento de Energia (Absae), as baterias poderiam ser efetivas para períodos de quatro horas, com 50% de economia em relação ao despacho de termelétricas.
O MME anunciou que o próximo leilão de sistemas isolados deve ocorrer em maio de 2025.
Estão previstos R$ 452 milhões em investimentos e, pela primeira vez, a participação das baterias de armazenamento.
Serão licitados três lotes, para 10 localidades da Amazônia Legal. O capacidade total é de 49 megawatts (MW).
Trata-se do primeiro leilão desde a criação do programa Energias da Amazônia. Inicialmente, havia a previsão de realização em dezembro de 2024, o que não ocorreu.
A intenção do governo federal é descarbonizar os sistemas isolados, ainda muito dependente da geração a diesel, o que impacta a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), custeada pela Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).
Entre 4 e 21 de junho, o MME abriu uma consulta pública para colher subsídios para as diretrizes do leilão.
Há mais uma edição do certame de sistemas isolados prevista para 2025, com especificações a serem definidas.
A portaria 85, publicada em 25 de setembro de 2024 pelo MME, prevê três leilões de transmissão até 2026.
O único certame de 2025 está marcado para outubro e deve incluir o lote que previa instalações no Rio Grande do Sul, mas que foi excluído do leilão realizado em outubro de 2024. O motivo para a decisão foi o risco climático, que passou a ser considerado após as enchentes no estado em maio.
As áreas técnicas do MME devem redesenhar o traçado das linhas para que seja possível licitá-las em 2025.
Para 2026, estão previstos leilões de transmissão em abril e em outubro.
Fonte: Eixos