Brasil tem quatro estados na corrida para o zero em 2050

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A menos de cem dias da COP26, em Glasgow, na Escócia, governadores, prefeitos e CEOs brasileiros anunciaram hoje (4) seus compromissos climáticos para ajudar o Brasil a alcançar as metas de descarbonização pactuadas no Acordo de Paris.

Os anúncios aconteceram durante o evento Fechando o Ciclo de Ambição com a Corrida ao Zero no Brasil, convocado pelo presidente designado da COP26, Alok Sharma, em sua primeira visita ao país.

“Se vocês continuarem distribuindo essa mensagem no Brasil e dizendo ao seu governo por que estão dentro desse barco, por que isso é bom para a economia e por que é bom para o emprego, essa mensagem vai passar”, disse Alok Sharma.

Quatro estados, doze cidades e mais de cem empresas assinaram o compromisso com a Race to Zero no Brasil.

Nesta quarta, Pernambuco e Pará se juntam a Minas Gerais e São Paulo na campanha.

A prefeitura de Fortaleza (CE) também se uniu à iniciativa hoje.

Novos estados estão no processo de solicitar a adesão: Amazonas, Espírito Santo, Maranhão, e Mato Grosso do Sul.

Se confirmadas, os oito estados responsáveis por 48% das emissões brasileiras e mais de 50% do PIB do país estarão comprometidos a alcançar carbono zero até 2050.

“Hoje, eu conheci meus heróis do clima. Vocês estão liderando a luta com suas estratégias para chegar às emissões líquidas zero até 2050”, disse Alok.

O executivo também comentou a meta brasileira de alcançar a neutralidade de emissões até 2050, e disse que, em reuniões com ministros nesta tarde, pediria mais informações sobre as estratégias para alcançar o compromisso.

Os estados na corrida para o zero

Juntos, Minas Gerais, Pará, Pernambuco e São Paulo representam 33% das emissões brasileiras.

Em meio a um cenário de desmatamento crescente no Brasil e perda de credibilidade do governo Bolsonaro nas negociações internacionais relacionadas ao tema, os governos subnacionais tentam preencher esse vácuo de ações do Executivo nacional.

Minas Gerais

O primeiro estado da América Latina a entrar para a campanha, Minas Gerais está com um edital de inovação aberto para apoiar iniciativas sustentáveis.

Em junho, ao aderir à Race to Zero, o governo estadual anunciou a atualização do Plano de Energia e Mudanças Climáticas até 2022, estabelecendo medidas para zerar as emissões até 2050.

Até 2030 deverá ser estipulada meta intermediária de redução de emissões dos gases.

Dentre as ações em curso, destaque para medidas de atração de investimentos no setor de energias renováveis.

O estado é líder no Brasil em geração solar fotovoltaica, com 18% de toda a potência instalada.

No início de 2021, MG anunciou investimento de R$ 25 bilhões com a instalação de uma fábrica de veículos elétricos e baterias.

O governo também elabora um projeto de lei criando a Lei de Enfrentamento às Mudanças Climáticas para o Estado, para análise da assembleia mineira.

São Paulo

O primeiro estado a legislar sobre a Race to ZeroSão Paulo está de olho em energia solar, biocombustíveis e hidrogênio.

O governo colocou seu  Plano de Ação Climática em consulta pública até o final de setembro, com uma série de estratégias para mobilizar investimentos em energia e transporte, rumo à neutralidade de emissões até 2050.

“São Paulo prioriza a agenda do desenvolvimento sustentável em todas as suas políticas públicas. Criamos ações que se alinham com as políticas globais de mitigação das emissões de carbono”, diz o governador João Dória (PSDB), em vídeo gravado para o evento.

Ele lista como iniciativas que o estado levará a COP26 o ICMS ambiental para municípios, e os programas do novo Rio Pinheiros e do Agro Legal.

Pará

O Pará aderiu à Race to Zero nesta quarta (4), mesmo dia em que sua principal política pública, o Plano Estadual Amazônia Agora completa um ano.

Segundo o governador Helder Barbalho (MDB), o objetivo central do plano é cortar em 86% as emissões de gases de efeito estufa do estado até 2036.

“Não se pode mais insistir na lógica de que este mundo pode suportar a reprodução de um modelo que para ser economicamente pujante, traz o custo de ser ambientalmente devastador e socialmente excludente”, destacou.

Helder quer que o Pará alcance a neutralidade antes de 2050, liderando a iniciativa entre outros estados da Amazônia, e vê na bioeconomia uma oportunidade para produzir “desenvolvimento justo e vocacionado”.

Pernambuco

“Estamos atrasados para fazer frente às mudanças climáticas cada vez mais evidentes”, destacou o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB).

Segundo o governador, o estado reconhece a emergência climática e para chegar à neutralidade de emissões em 2050, trabalha em um plano de descarbonização que vai orientar a retomada econômica pós-covid.

“Construindo meios de produção mais sustentáveis, mostrando que é possível criar empregos e prosperidade sem prejudicar o planeta”, completou.

Plano de Descarbonização para a economia pernambucana deve ter sua versão final publicada em fevereiro de 2022.

Com metas escalonadas de redução, a serem alcançadas em 2025, 2035 e 2050.

Também serão apontados os investimentos necessários e os impactos sociais e econômicos das ações propostas.

O estado está de olho na transição energética para soluções de baixo carbono, como biocombustíveis, a energia eólica e solar e hidrogênio.


Curtas

Mais de 100 empresas brasileiras firmaram nesta nesta quarta (4) o compromisso Race to Zero da ONU. A presidente do CEBDS, Marina Grossi, entregou uma carta ao presidente da COP26 com o pedido de 80 empresas por uma maior ambição do governo brasileiro em sua NDC. epbr

O Ministério de Minas e Energia (MME) apresentou hoje (4) a proposta de diretrizes para o Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2). O documento incorpora “uma visão abrangente sobre os desafios e oportunidades que deverão ser considerados no desenvolvimento da indústria e do mercado de hidrogênio no Brasil”, segundo o MME.

A região Nordeste registrou dez recordes de energia renovável em julho. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), foram quatro recordes de geração eólica média e quatro de geração instantânea (pico), além de dois recordes de energia solar fotovoltaica. epbr

Iniciativa realizada pela Neoenergia, a primeira eletrovia do Nordeste brasileiro está em vias finais de conclusão, segundo a companhia. Chamado de Corredor Verde, o projeto conecta seis capitais entre Salvador (BA) e Natal (RN).

A Lemon Energia, startup do hub de tecnologia do grupo Ambev, vai estender suas operações para a região Sul de Minas Gerais, nas cidades de Alfenas, Varginha e Pouso Alegre em agosto. A Lemon oferece uma solução de fornecimento de energia solar para empresas, que são abastecidas por fazendas geradoras.

Fonte: epbr

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