A energia incentivada continua sendo atrativa, mesmo sendo mais cara do que a convencional, diante da redução dos limites mínimos, o que surpreendeu Claudio Alves, presidente da Electra Energy. Segundo ele, que esperava uma movimentação na direção da oferta mais ampla da energia, do mercado potencial para migração, apenas 20% concretizou o movimento.
Isso porque os R$ 35/MWh padronizados pelo mercado são um valor muito inferior a 50% da demanda média de um consumidor, quando esse montante é convertido para reais por megawatt-hora.
Neste caso, explicou, com a defasagem, a energia incentivada consegue ser mais atraente, mesmo com preços mais elevados na comparação com a energia convencional. Em média, os preços da energia incentivada têm se situado na casa dos R$ 250/MWh, contra cerca de R$ 200/MWh dos contratos convencionais.
“Hoje, o benefício é maior”, observou Alves, ressaltando que nessa linha, quando se converte a demanda dos consumidores, ela se situa entre R$ 45/MWh e R$ 48/MWh. “A indústria que sabe fazer a conta vê que não há vantagem na mudança, o prêmio deveria ser maior”. Ele vê ainda que já há descontos maiores no fio, acompanhando o desempenho da indústria.
Mesmo que os preços da energia convencional caiam nos próximos meses, salienta o executivo, o quadro ainda não seria atrativo, pois os valores para a energia incentivada também acompanhariam a trajetória.
Os limites mínimos de migração para o mercado livre reduziram-se de 3 MW para os atuais 2 MW – em janeiro, entra em vigor o novo limite, de 1,5 MW. Para clientes com carga acima de 0,5 MW, é possível migrar para o mercado livre, desde que a energia seja adquirida de fontes renováveis – a chamada energia incentivada, com descontos no uso do fio, em geral nos sistemas de distribuição.
Para consumidores com carga entre 2 MW e 3 MW que estão no mercado cativo ou que estão com contratos incentivados em vias de terminar, há a possibilidade de se comprar energia convencional mais barata, mas sem descontos no uso do fio.
Preços para 2021
A geração hidrelétrica será o fiel da balança para a formação de preços em 2021, basicamente em função do clima para os próximos meses, na avaliação da Electra Energy. No momento, o país atravessa transição entre o período seco e o úmido, com chuvas irregulares que ainda não refletem em afluências e armazenamento, afirma Alves.
O executivo, que participou de webinar realizado conjuntamente pela Cogen e Única, estima que dadas as condições atuais e as perspectivas de chuvas para os próximos meses, o preço médio deve situar-se na casa dos R$ 150/MWh em 2021, mas sempre com a ressalva de que tudo isso depende do cenário climatológico.
O preço de curto prazo tem seguido trajetória de alta, ultrapassando a barreira dos R$ 300/MWh na última semana operativa, mesmo às portas de novembro, o que surpreendeu o mercado. Alves lembra que há um mês, a rodada do Mecanismo de Venda de Excedentes (MVE), o preço médio ficou em torno de R$ 135/MWh.
Mas o quadro, hoje, é favorável porque ainda temos excesso de energia e fontes para atender eventual elevação de demanda. Entre outros fatores, atualmente o país tem armazenamento maior no Sudeste/Centro-Oeste, o maior submercado do país, mesmo com índices baixos, aponta Alves, com diferença em torno de 10% na comparação com o mesmo período do ano passado.
Fonte: Energia Hoje