O Brasil está de volta ao grupo da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e esta semana, durante sua visita à Argentina, o presidente Lula (PT) firmou uma série de compromissos bilaterais na área de energia, entre eles incentivar projetos de transição energética.
Marca uma mudança de postura em relação à gestão anterior, que apostou na abertura de novas fronteiras comerciais, mas se isolou politicamente dos vizinhos. E abre uma janela de oportunidade para exportar produtos com maior valor agregado.
Um dos pontos do acordo com a Argentina prevê incentivos “a partir do financiamento, da convergência em padrões comuns e das ferramentas comerciais”, com ênfase em biocombustíveis, hidrogênio e energia hidrelétrica, eólica e solar, e nas cadeias de lítio.
Áreas de grande interesse de economias como China, Estados Unidos (concorrentes) e União Europeia (consumidora) que já começaram a se organizar para estabelecer padrões e desenhar esse novo mercado.
Pedro Silva Barros, coordenador do projeto Integração Regional: o Brasil e a América do Sul do Ipea e ex-diretor de Assuntos Econômicos da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) explica que a integração é fundamental para o Brasil — e a região — assumir a liderança nas negociações com os futuros consumidores das novas energias.
Na visão de Barros, é muito mais difícil negociar separado. E cita como exemplo a Bolívia, que tem grandes reservas de lítio para produção de baterias, mas carece de uma base industrial, centros de inovação e financiamento.
“O Brasil e os países vizinhos têm uma posição muito favorável pelas reservas de determinados minerais, pelo tipo da nossa matriz energética e pela nossa capacidade produtiva potencial nesse mundo mais polarizado”, defende.
“Temos que ter uma agenda positiva com a China, com a União Europeia, e os EUA, sem alinhamentos automáticos e reforçando a nossa integração regional. A posição do governo agora vai claramente na direção de buscar a integração regional”, completa.
Com a reindustrializacao nos discursos da cúpula do novo governo, o mercado vê oportunidade para suprir a região.
“O mundo vinha fazendo muita política pública industrial com o plano de fundo da economia verde. O Brasil tinha algumas iniciativas, mas sem visão sistêmica”, observa Adalberto Maluf, presidente da Associação Brasileira de Veículos Elétricos e diretor da BYD no Brasil.
“[Com a criação da Secretaria de Economia Verde] o governo tem instrumentos para fazer uma política industrial e, por que não?, fazer do ponto de vista regional”, questiona.
Ele explica que é para os países vizinhos que o Brasil vende produtos de maior valor agregado, e a integração energética da região pode colaborar para intensificar esses negócios por aqui.
Além de firmar laços mais profundos com parceiros comerciais em uma região em que o país tem capacidade de exercer liderança geopolítica.
“Na América do Sul, somos líderes em praticamente todos os insumos estratégicos da eletromobilidade, das renováveis, hidrogênio verde. O Mercosul tem 44% do lítio do mundo. Mas ainda não conseguimos beneficiar. É o momento de desenvolver essas tecnologias”.
Maluf acredita que a matriz energética predominantemente renovável do Brasil cria condições para o estabelecimento de um polo industrial com baixa pegada de carbono para exportação.
Entre 2020 e 2050, a demanda final de energia na AL deve mais que dobrar, especialmente após 2025, com a recuperação do aumento nos padrões de vida da população, estima a empresa de gerenciamento de risco DNV.
Em um cenário de forte expansão da eletrificação do consumo, o crescimento da geração deve saltar de 18% em 2020 para 32% em 2050 — e as renováveis, lideradas por biomassa e hidrelétrica, serão superadas pelo forte crescimento solar fotovoltaico e eólico, fornecendo 53% da energia primária até 2050.
Novas energias como eólica offshore e hidrogênio verde despontam como grandes promessas para a região.
No caso da geração de eletricidade a partir dos ventos offshore, a Wood Mackenzie aponta que a América Latina deve alcançar 34 gigawatts (GW) de capacidade instalada até 2050, impulsionada por investimentos em H2V fora de rede.
E o Brasil aparece na liderança, junto com a Colômbia, a uma taxa de crescimento anual composta de 15,4% a partir de 2032, quando os primeiros projetos estão previstos para entrar em operação.
O Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou nesta quarta (25/1) que o Ministério de Minas e Energia avalie a possibilidade jurídica de não contratar parte das termelétricas a gás natural imposta pela lei de desestatização da Eletrobras.
A área técnica do TCU concluiu que, apesar de prevista em lei, a contratação compulsória dos 8 GW, a serem instalados em regiões específicas do interior do país, sobretudo em áreas não atendidas por gasodutos, não tem respaldo técnico.
Lojas Pompéia e EDP inauguraram duas usinas fotovoltaicas em Santa Margarida do Sul (RS) para abastecer 44 das 87 lojas da marca de moda por 10 anos. O empreendimento tem capacidade instalada total de 1,25 MWac e vai gerar cerca de 2.798 MWh de energia renovável por ano, em uma área de quase 44.900 m2 — o equivalente a mais de quatro campos de futebol.
A expectativa é economizar 35% ao ano na conta de energia, além de deixar de emitir quase 900 toneladas de CO2 por ano com o consumo de energia renovável.
A Enel Green Power iniciou a operação comercial do parque solar São Gonçalo III, a segunda expansão do maior complexo solar em funcionamento na América Latina. Com a nova seção de 256 MW, o complexo alcançou uma capacidade instalada total em operação de 864 MW.
A startup Prospera está expandindo os negócios em geração solar no interior de São Paulo e planeja inaugurar em julho deste ano quatro novas usinas fotovoltaicas, para atender cerca de 500 comércios da região.
A startup que conecta pequenas e médias empresas às geradoras de energia limpa e dá bônus mensais, já tem duas usinas totalizando 3,1 MWp, e fará um incremento de 6,5 MWp. O investimento é de R$ 30 milhões.
A climatech que conecta usinas de energia sustentável a pequenos comércios está com 18 vagas abertas em regime 100% remoto e horário de trabalho flexível.
A maior parte das oportunidades é na área de tecnologia, com quatro postos para pessoa desenvolvedora backend e outros dois para analista de dados. Há vagas também para os setores financeiro, RH, policy, atendimento ao cliente, produto (design e product manager) e engenharia de energia. Mais informações e candidaturas no site
Fonte: Epbr